12/05/2016 – FOLHA DE SAO PAULO
A União Europeia (UE) e o Mercosul trocaram ofertas tarifárias para negociar um acordo de livre-comércio, do qual foram excluídos alguns produtos sensíveis para o bloco europeu.
«Esta é a primeira troca de ofertas, desde 2004, e um passo importante para fazer avançar o processo de negociação», afirmaram os blocos em comunicado.
«Como esperado, ninguém ficou completamente satisfeito», disse à agência de notícias AFP uma fonte do Mercosul. Carne bovina e etanol, dois produtos importantes para o bloco sul-americano, foram deixados de fora da oferta da UE, que não ofereceu cotas. Essa questão ficou para ser definida «no futuro», acrescentou a fonte.
O governo brasileiro não escondeu a decepção com a proposta europeia, mas afirma que se trata de um primeiro contato, após 12 anos de paralisia —a última tentativa de acordo foi em 2004.
«É ruim, foge um pouco ao combinado. Mas estamos aceitando que se trata de um início de conversa», disse Carlos Márcio Cozendey, subsecretário-geral de assuntos econômicos e financeiros do Itamaraty.
Segundo ele, os negociadores deverão repassar as ofertas em julho e as negociações começarão, de fato, no segundo semestre deste ano.
A mudança política no Planalto não deve afetar o cronograma, segundo o diplomata. «Há um grau relevante de consenso sobre a importância da negociação com a União Europeia», disse.
O Mercosul ofereceu 87% de cobertura de itens que fazem parte do comércio entre os dois blocos. A depender da negociação, segundo o Itamaraty, o percentual pode chegar a 90%.
O Brasil teve em 2015 deficit de US$ 2,7 bilhões com a União Europeia.
vaivém
Esta troca foi adiada diversas vezes nos últimos anos e nas últimas semanas foi questionada pela relutância de países europeus em incluir produtos agrícolas «sensíveis» na oferta.
A França chegou a liderar uma rebelião de 13 países, que se queixam de que a UE está se precipitando ao oferecer cotas e outras concessões tarifárias sem calcular o efeito que as exportações agrícolas sul-americanas teriam sobre os agricultores europeus.